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descriptionDia da Mulher: qual a importância do 8 de março? EmptyDia da Mulher: qual a importância do 8 de março?

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Excelente artigo demonstrando a importância da data e como devemos combater o machismo estrutural. Leiam com atenção. Afinal é fácil brincar de “ser mulher” e depois voltar ao nosso privilégio de “ser homem”. Fica a reflexão!

Link original com os vídeos e imagens:

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Este é um texto produzido pelo Eixo de Produção Textual Politize! Mulheres, um projeto feito por e para mulheres, que produz conteúdo com temáticas relevantes para o universo feminino.
Você conhece o real significado do dia da Mulher?
Neste texto do projeto Politize! Mulheres vamos falar sobre o significado do Dia da Mulher (8 de março) e as lutas, conquistas e marcos da trajetória das mulheres no Brasil e no mundo.
Veja também nosso vídeo sobre a história do feminismo no Brasil!





Breve histórico das lutas e conquistas femininas

A luta das mulheres por emancipação é antiga. As mulheres nunca aceitaram a condição de subordinação de cabeça baixa, visto que desde a época do feudalismo já existiam registros de organizações femininas reivindicando igualdade.
No entanto, o movimento feminista só ganha força no século XIX, após as ideias iluministas de igualdade e liberdade, a partir do sucesso da Revolução Francesa. 
Em diversos momentos e diferentes contextos sociais a mulher era tida na condição de subordinação. O que se alterava eram os interesses dos grupos majoritários, que associavam a vida, o corpo e o destino das mulheres à posição de inferioridade, por isso era mais fácil ser subjugados.
No processo de acumulação capitalista, existia outra forma de domesticação da mulher e dos seus corpos. Elas foram as produtoras e reprodutoras da mercadoria capitalista mais essencial: a força de trabalho. 
Ainda, outro momento histórico de forte opressão contra as mulheres foi no período no qual a Igreja exercia muita influência na sociedade. Práticas e interpretações diversas do doutrinado por ela era considerado como Heresia. Assim, as mulheres que sempre se mantiveram resistindo sofriam perseguições e eram queimadas em fogueiras.
– Marilena Chauí, Feminismo em Comum. escreveu:
“O feminismo nos leva à luta por direitos de todas, todes e todos. Todas porque quem leva essa luta adiante são as mulheres. Todes porque o feminismo liberou as pessoas de se identificarem somente como homens ou mulheres e abriu espaço para outras expressões de gênero – e de sexualidade – e isso veio a intervir no todo da vida. Todos porque luta por certa ideia de humanidade (que não é um humanismo, pois o humanismo também pode ser um operador ideológico que privilegia o homem em detrimento das mulheres, dos outros gêneros e até mesmo das outras espécies) e, por isso mesmo, considera que aquelas pessoas definidas como homens também devem ser incluídas em um processo democrático, coisa que o mundo machista – que conferiu aos homens privilégios, mas os abandonou a uma profunda miséria espiritual – nunca pretendeu realmente levar à concretização”.
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Qual a origem do dia da mulher, o 8 de março?

É comum considerarmos que o dia 8 de março nasceu a partir da morte de 130 mulheres nos Estados Unidos, que supostamente morreram carbonizadas por terem protestado pelos seus direitos trabalhistas. 
Essa história é falsa, o incêndio aconteceu no dia 25 de março de 1911 na empresa Triangle Shirtwaist Company e matou 146 pessoas, entre as quais 21 delas eram homens, portanto, a maioria era composta por mulheres. Ademais, a maioria entre eles eram judeus.
Precisamos lembrar que os movimentos sufragistas já aconteciam não apenas por toda Europa, como por todo o mundo, tanto que o primeiro país a permitir o voto feminino foi a Nova Zelândia. Por isso, ter um Dia Internacional da Mulher não foi resultado apenas de um momento específico, mas de uma luta travada desde o final do século XVIII pelas mulheres. 
Não é à toa que Olympe de Gouge e Manon Roland escreveram a Declaração das Mulheres e das Cidadãs durante a Revolução Francesa para contrapor com a Declaração dos Homens e dos Cidadãos, motivo que as levaram à guilhotina. 
Essa luta já havia começado ao final do século XVIII, tanto que as mulheres são, em parte, responsáveis pela Revolução francesa ao protestarem juntas no dia 5 de outubro de 1789, na antiga praça de Grève (hoje conhecida como praça de l’Hotel Ville- Esplanade de La Libération) e depois caminharem juntas até Versailles para pedirem por pão.   
Todavia, é sabido que no dia 8 de março de 1917, (antigo 23 de fevereiro no calendário russo) na Rússia, as mulheres tecelãs entraram em greve com a colaboração de homens do setor de metalurgia, paralisando nesse dia mais de 90 mil pessoas, dando-se início a Revolução Russa. E essa foi a primeira de muitas greves realizadas por elas durante esse período. Sendo essa data posteriormente universalizada como o Dia Internacional das Mulheres pelo partido comunista. 
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Imagem: Pexels.com
Temos, então, dois eventos significativos que aconteceram em março e que retratam a luta das mulheres, mesmo que, em ambos, os homens tenham aderido às manifestações.
Assim, Clara Zetkin (Partido Comunista Alemão), durante o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, propôs que as mulheres escolhessem um dia para parar de trabalhar e protestar não apenas pelo direito ao voto, mas também pelos seus direitos de trabalhadoras no geral. 
O dia 8 de março, por dois eventos importantes que ocorreram no mesmo mês, apesar de serem, em partes, totalmente diferentes do globo, acabou ficando marcado como o dia da mulher, especialmente depois da segunda guerra mundial, período em que as mulheres foram particularmente ativas em trabalhos que normalmente eram exclusivos aos homens graças à guerra. 
Em 1960, a data já era considerada como um tradicional dia de luta pelas mulheres, mas sua oficialização pela ONU ocorreu apenas em 1975, e este também foi considerado pela organização como o Ano Internacional das Mulheres.

Trajetória Política feminina: Direito ao voto

A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, na qual, dentre outras leis, havia um código, aplicado em Portugal, que assegurava ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério, bastava até um boato para tal permissão legal. 
Como as normas de uma sociedade definem o que é certo e o que é errado, tais práticas sociais passam por gerações e determinam as relações sociais, portanto, atos de violência e de subjugação se tornam atos comuns e normalizados.
A Nova Zelândia (que atualmente tem uma primeira-ministra) foi o primeiro país a permitir o voto das mulheres em 1893. No entanto, foi apenas em 1919 que puderam se candidatar ao parlamento. 

As pioneiras do voto feminino no Brasil

Já no Brasil, nesta mesma época, tivemos a Lei Saraiva (1881), que permitia que as pessoas com “título científico” (ou seja, uma graduação) pudessem votar. Sendo uma pessoa com graduação, a dentista Isabel de Souza Matos fez o requerimento de alistamento eleitoral em 1885, tendo conseguido o título em 1887.
Infelizmente, em 1890, durante o período da República Velha, ela teve seu direito ao voto negado. Uma mulher, mesmo tendo o título científico e exercendo uma profissão, ainda não era considerada uma cidadã no Brasil. 
No entanto, ela não foi a única a tentar exercer sua cidadania: a baiana Isabel Dillon foi bastante ousada e, com a proclamação da República, tentou se candidatar para a Primeira Assembleia Constituinte da República, pois a lei eleitoral dizia que pessoas maiores de 21 anos que soubessem escrever poderiam votar, não fazendo alusão ao gênero. Ela não contava com o fato de que não seria considerada pessoa: não conseguiu nem ao menos tirar seu título de eleitora. 
No Brasil, já no século XIX, o jornal A Família, fundado por Josefina Álvares de Azevedo, irmã do poeta Manoel Álvares Azevedo, serviu para que Isabel Dillon publicasse sua indignação ao ser interditada de exercer um direito fundamental à cidadania, ou seja, de votar e ser votada.  
Mais do que isso, esse primeiro jornal brasileiro a publicar a luta das mulherespelo direito ao voto, à educação, representou um ato político por parte de todas as que dele participaram durante os 10 anos de funcionamento do jornal.
Por mais que as mulheres da época tenham tentado se colocar como cidadãs esse direito não foi aceito na Constituição de 1891, que ainda proibia o voto por parte das mulheres. A luta pelo direito ao voto ainda levaria um século para que essa esperança fosse uma realidade, do século XIX à metade do século XX, quando, em 1932, o Brasil foi o segundo país da América Latina a legalizar o voto feminino
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Legislações recentes sobre direitos das mulheres

Obviamente, esse foi apenas o primeiro passo em direção a uma igualdade que até hoje não é realidade, mas que a cada dia se aproxima mais de sê-la. Com a Lei das Eleições (9.504/1997), os partidos são obrigados a ter, no mínimo, 30% de candidaturas femininas, o que não significa que essas mulheres são, de fato, eleitas, ou que os partidos realmente invistam em suas candidaturas.
No entanto, é preciso entender que essa foi uma grande vitória política para as mulheres, tanto que em 2020 tivemos um aumento de 5.6% de vereadoras eleitas no Brasil, em comparação com 2016. Em relação às candidatas negras, o aumento foi de 1.4%. Também houve um aumento de mulheres negras como candidatas às prefeituras, um aumento de 0.4% em relação a 2016, e o índice de mulheres negras eleitas foi de 3.2%.
Anteriormente, em 2006, tivemos a Lei Maria da Penha, que assegura a segurança das mulheres contra a violência doméstica, pois não é possível exercer o direito político se antes não tivermos assegurado o direito à vida. Para que a lei Maria da Penha seja exercida em toda sua amplitude, foi necessário criar políticas públicas para assegurá-la, como a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher.
A lei mais importante para a participação política das mulheres nos últimos anos, no entanto, foi votada e aprovada em 2021: é o PL 1.951/2021, que de acordo com a Agência Senado: 
“determina uma porcentagem mínima de cadeiras na Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas dos estados, na Câmara Legislativa do Distrito Federal e nas câmaras de vereadores a ser preenchida por mulheres, convocando-se as suplentes caso não sejam eleitas em número suficiente para cumprir esse percentual. A proposta também garante recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do Fundo Partidário para as candidaturas proporcionais femininas.” 

Machismo Estrutural: conceito e características

E você, sabe o que é o Machismo? O que caracteriza uma pessoa Machista? Como esse fenômeno afeta mulheres e homens?
Machismo é um preconceito contra a mulher que atravessou gerações, expresso por atitudes e opiniões. É uma situação onde se subjuga a capacidade da mulher nos seus mais diversos contextos, os quais se opõem a igualdade de direitos entre homem e mulher, cujo favorecido sempre é o homem.
Na visão machista, segundo o Portal Catarinas:
“A história não deixa dúvidas que os homens nos limitaram às suas propriedades enquanto foi possível. Nos impediram de votar e de sermos votadas, de estudar, de praticar determinados esportes, de trabalhar, de ter um salário decente, de dirigir e até hoje tentam nos impedir de ter autonomia sobre nossos corpos”. 

Nessa perspectiva, entende-se que o homem é uma figura idolatrada, como o grande dominador, enquanto a mulher é vista como a incapacitada para grandes feitos de ordem intelectual, a qual deve ser devota somente às coisas voltadas ao lar, família e filhos.
Dessa forma, desde que o mundo é mundo, vem sendo trabalhado, no inconsciente da sociedade, a imagem da mulher submissa. Se enganam os que subestimam a capacidade da mulher. As mulheres têm comprovado competência para o exercício dos mais diversos tipos de atividades, profissões e cargos exigentes, antes ocupados somente por homens, atividades essas associadas aos afazeres amorosos para com a família. 
Portanto, essa ideia, inconsciente, aos poucos vai se transformando graças às ações dos movimentos sociais, feministas e da união das mulheres e de alguns homens que abraçam a causa da mulher. Assim, vê-se a oportunidade de fala para aquelas que, por si só, estavam em papel de desigualdade e inferioridade.
Assista também ao nosso vídeo sobre o machismo estrutural





Papéis de gênero atribuídos a homens e mulheres

Você se lembra que até alguns séculos atrás mulheres não podiam usar calça comprida? Nem votar? Nem trabalhar sem o consentimento do marido? Que o homem não podia chorar? Que homem não cuidava de bebês e tinha que ser o chefe da família?
Todos esses papéis eram fixos e definidos conforme o sexo com o qual a pessoa nascia, era como um carimbo do que se podia ou não fazer na sociedade. Toda a linha de segregação entre os gêneros deve ser contornada, embora haja movimentos e grupos dedicados a isso, é necessário que o assunto seja implementado de maneira mais profunda na sociedade. 
Ainda na pré-adolescência, não há encorajamento para o público feminino seguir profissões de cunho científico ou financeiro. Esse cenário poderia ser modificado com a atuação de alguns movimentos das secretarias de educação, com o intuito de motivar as meninas de 10 a 13 anos de idade, por exemplo, a seguirem profissões, além de enfermagem ou pedagogia, que são supostamente profissões “femininas”.
É necessário acabar com essa segregação ainda na infância, incentivando, desconstruindo e guiando esses jovens para um mundo onde não haja distinção entre os gêneros. A consciência do debate sobre os mais variados temas e a promoção de reflexões e diálogos respeitosos, oportunizando voz aos oprimidos pelos abusos e preconceitos nas suas mais diversas formas de violências, talvez seja o caminho mais eficaz de combater a estrutura patriarcalainda existente.

Seria o machismo uma barreira na política atual?

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Imagem: Pixabay.com
É comum a existência da prática do machismo no universo político, esse cenário não seria diferente, já que os espaços políticos são ocupados quase que exclusivamente pelo gênero masculino, fato recorrente no Brasil.
É o que relata a Deputada Tabata Amaral (PSB-SP): “O caminho mais fácil para o homem que se vê sem respostas diante de questionamentos contundentes é deslegitimar a mulher que os faz.” Tabata relatou à CNN Brasil o episódio mais recente sofrido por ela. Recém-filiada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), a deputada já foi vítima de ataques machistas enquanto parlamentar.
As mulheres, mesmo sendo 51% da população (IBGE, 2021), ainda ocupam de forma tímida os espaços políticos, mas são esses os espaços de Poder?
Infelizmente, o que se vê é que as mulheres sempre estão sub-representadas. Tal fato pode ser entendido pelo que relata a secretária Cristiane Britto, titular da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SNPM): 
“O projeto Mais Mulheres na Política é uma resposta ao cenário de pouca representação das mulheres na política. Por meio desta iniciativa, desejamos fomentar candidaturas femininas e oferecer ferramentas para que as candidatas possam ter mais êxito”.

A cultura masculina é dominante dentro dos partidos políticos, que priorizam a representação feita por homens que, muitas vezes, não respeitam o valor do programa de cotas mínimas. Isso dificulta a candidatura feminina, mesmo havendo esse programa que visa a inclusão de mulheres na política por meio de uma cota. 
Foi pensando nisso que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos(MMFDH) lançou, nas últimas eleições, a campanha: “Mais Mulheres na Política” que teve como objetivo garantir que fossem eleitas ao menos uma vereadora em cada um dos 5,7 mil municípios brasileiros nas Eleições 2020. 
Essa campanha é uma das vertentes do projeto “Mais Mulheres no Poder”, instituído por meio de portaria do MMFDH. Trata-se de uma estratégia de conscientização sobre a participação política das mulheres em cargos eletivos, de poder e de decisão, com o pleno exercício da democracia representativa e participativa.
A iniciativa da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM) abrangeu ações que envolvem a disseminação de informações sobre o processo eleitoral e também auxiliou nas denúncias de casos de violência política. 
Para a ministra Damares Alves, a campanha é necessária para garantir a plena representação da população brasileira na política de forma consciente: “Os dados nos mostram o quanto as mulheres ainda estão afastadas dos processos decisórios no país. A campanha irá dar as ferramentas necessárias para que as mulheres participem mais e conquistem mais“, disse em entrevista ao Governo Federal (2022).
Além de promover e fortalecer o conceito de cidadania participativa, por meio do debate sobre o papel da mulher nos espaços políticos e de liderança, tem o objetivo de incentivar a promoção de políticas públicas de combate a todas as formas de violência política e social contra a mulher. 
Entende-se que a presença de mulheres na política proporcionará um maior diálogo e um pensar mais abrangente em torno de questões que estejam relacionadas às pautas femininas. 
O fato é que: “Nada causa mais horror à ordem que mulheres que sonham e lutam” (José Martí). Não se trata de mulheres desejarem ocupar os lugares dos homens, mas sim das mulheres ocuparem os espaços de poder que, por muito tempo, foram ocupados somente por homens.

A conquista de Direitos pelas mulheres

Os direitos das mulheres surgem como uma tentativa de reparação de crenças e práticas, visto que, ao longo do tempo, busca-se uma transformação social de forma efetiva. 
Esse é um dos principais desafios para a implementação dos direitos das mulheres. Apesar das conquistas, as mulheres no Brasil ainda vivem uma realidade de desigualdade e discriminação. Por isso, as legislações precisam ser adequadas para que todo o contexto de submissão da mulher ao poderio masculino seja aniquilado. 
Contudo, ainda não houve ações efetivas para lidar com as desvantagens e injustiças que as mulheres experienciam apenas por serem mulheres.
A título de exemplificação, podemos citar como um retrocesso a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos em maio de 2016. Além disso, atualmente, quase todos os ministérios são ocupados por homens.
A obra Reivindicação dos direitos da mulher de Mary Wollstonecraft pode ser considerada o documento fundador do feminismo. Um grande ponto é o fato de ter sido escrito por uma mulher em uma época em que a vida pública era circunscrita aos homens. 
No Brasil, Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, foi a primeira na educação feminista, com protagonismo nas letras, no jornalismo e nos movimentos sociais.
A ONU define em doze os direitos das mulheres:
[list=173][*]Direito à vida; 

[*]Direito à liberdade e a segurança pessoal; 

[*]Direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação; 

[*]Direito à liberdade de pensamento; 

[*]Direito à informação e a educação; 

[*]Direito à privacidade; 

[*]Direito à saúde e a proteção; 

[*]Direito a construir relacionamento conjugal e a planejar sua família; 

[*]Direito a decidir ter ou não ter filhos e quando tê-los; 

[*]Direito aos benefícios do progresso científico; 

[*]Direito à liberdade de reunião e participação política; 

[*]Direito a não ser submetida a torturas e maltrato.

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Breve histórico de direitos conquistados

A seguir, confira alguns direitos conquistados a partir do século 20: 
  • Em 1919, foi aprovado a Resolução de salários iguais para homens e mulheres;

  • Em 1928, tivemos a primeira prefeita eleita, além disso, a primeira prefeita da América Latina;

  • Em 27 de agosto de 1962, foi criado o Estatuto da Mulher Casada;

  • Em 1977, foi aprovada a lei do divórcio;

  • Em 1979, surgiu a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a mulher, a CEDAW (sigla em inglês) ou Convenção da Mulher. O Brasil se tornou parte da convenção em 1984;

  • Em 1983, foi implantado o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM);

  • Em 1985, foi criada a 1ª Delegacia especializada para a mulher em São Paulo;

  • Em 1994, surgiu a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra Mulher, ou Convenção de Belém do Pará. No Brasil, a Convenção passou a vigorar a partir do Decreto nº 1973 em 1996;

  • Em 2003, criou-se a Lei nº 10.778 que estabelece a notificação compulsória do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde, públicos ou privados, em todo o território nacional;

  • Em 2006, foi criada a Lei Maria da Penha;

  • Em 2009, foi criada a Lei nº 12.015 que dispõe sobre os crimes contra a dignidade sexual e altera o Código Penal de 1940;

  • Em 2010, foi eleita a primeira mulher Presidente;

  • Em 2013, criou-se a Lei nº 12.845 que estabelece o atendimento obrigatório a pessoas em situação de violência sexual;

  • Em 2015, entrou em vigor a Lei nº 13.104 que incluía no Código Penal o crime de Feminicídio;

  • Em 2018, foi permitido que pessoas trans alterem seus nomes apenas indo ao cartório;

  • Em 2021, surgiu a Lei nº 14.192 que previne, reprime e combate à violência política contra a mulher.


Veja também o nosso infográfico que destaca alguns dos principais direitos conquistados pelas mulheres:
Temas relevantes devem ser trazidos dentro das normas jurídicas, conhecê-las é um primeiro passo para salvaguardar os direitos. Algumas inovações jurídicas são:
  • A Lei nº 14.164 sancionada em 2021, cria a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher em instituições públicas e particulares de ensino básico. O objetivo é incentivar a reflexão de alunos e profissionais da educação sobre a prevenção e o combate à violência contra a mulher. Portanto, esse importante debate passa a compor o currículo escolar. Transforma a formação social do indivíduo desde a infância;

  • Está em tramitação, ou seja, ainda é um Projeto de Lei, a PL 37/2022 que fala sobre a prioridade de mulheresresponsáveis pela unidade familiar, ou vítimas de violência doméstica, e de baixa renda, nos programas de habitação de interesse social;

  • Também a PL 43/2022 que dispõe sobre a obrigatoriedade dos condomínios edilícios disponibilizarem, por apartamento, um sistema eletrônico, via interfone ou aparelho similar, um botão de alarme para acionar a portaria do prédio, em casos de ocorrência de violência doméstica contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos ou pessoas com deficiência.


Se tais projetos de lei forem aprovados, haverá mais garantias. É preciso, entretanto, muita vigilância, compartilhamento de tais direitos, para que mais mulheres tenham acesso, como também mais instituições e órgãos apliquem essas medidas, a fim de que haja atuação social, debates e diálogos.

Educação da mulher

Desde o início do século passado que muitas mulheres queriam estudar para aprender e, com isso, adquirir mais conhecimentos. Porém, as mulheres ouviam frequentemente que o estudo para a mulher não servia para nada, isso porque a educação brasileira só era permitida aos homens, por isso mulheres negras, brancas, indígenas, ricas ou pobres, de qualquer faixa etária eram proibidas de estudar, pois as “funções primordiais femininas” eram a reprodução, amamentação e criação dos filhos.
Esse contexto social manteve a imagem da mulher em condições equivalentes a de uma escrava em uma época em que ser livre significava, basicamente, ser do gênero oposto, bem como as escolas do período colonial foram constituídas, inicialmente, pela ordem dos padres jesuítas. Localizadas nas vilas e cidades, eram voltadas para o público masculino, visando à formação de uma elite colonial culta e religiosa.
A primeira reivindicação pela educação feminina no Brasil partiu de um indígena, que pediu ao padre Manoel da Nóbrega que ensinasse sua mulher a ler e a escrever. Isso demonstra que os indígenas estranhavam a diferença de oportunidades educacionais entre homens e mulheres, visto que estas eram consideradas companheiras.
O padre se sensibilizou com o pedido, já que os jesuítas tinham o desejo de fundar instituições educativas que basicamente seriam semelhantes aos conventos, mas apenas direcionados para as mulheres no Brasil. No entanto, a ideia não se concretizou por ter sido considerada ousada demais pela rainha de Portugal, Dona Catarina. Apesar disso, alguns indígenas conseguiram burlar as regras.
A autora Arilda Ribeiro afirma ter encontrado registros de que Catarina Paraguaçu, também conhecida como Madalena Caramuru, teria sido não apenas a primeira indígena, mas também a primeira mulher a aprender a ler e a escrever, tendo feito uma carta de próprio punho ao padre Manoel da Nóbrega em 1561.
Na segunda metade do século 17, surgiram conventos no Brasil, cujas “escolas” para moças ensinavam, sobretudo, costura e bordado, denominados na época como trabalhos de agulha, boas maneiras e muita reza, que são manifestações religiosas católicas da época que eram justificadas como atividades que afastavam maus pensamentos.
Esses locais também eram usados como prisões, por homens que tinham muitas filhas e temiam a divisão de suas propriedades com futuros genros, por maridos traídos ou pelos que tinham a intenção de trair suas esposas, além de irmãos que, pensando na herança familiar, preferiam não repartir os bens. Até então, a educação feminina seguia restrita aos cuidados com a casa, o marido e os filhos.
Somente em meados do século 19 as mulheres começaram a integrar o sistema de ensino, mas ainda bem lentamente, pois os colégios destinados às meninas eram particulares. Por essa razão, muitas meninas que não tinham condições financeiras para estudar permaneceram fora da escola, e as que tinham acesso desfrutavam de um ensino opressor e segregado.
Enquanto os homens aprendiam a respeito de adição, subtração, multiplicação, divisão, números decimais, frações, proporções e geometria, as mulheres não podiam estudar nada além das quatro operações básicas. Por outro lado, nas aulas de português e religião o conteúdo era o mesmo para meninos e meninas.

Educação e poder da mulher na atualidade

Trazendo o contexto da trajetória da mulher na educação para a atualidade, 80% dos docentes que integram a educação básica brasileira são mulheres, segundo o Censo Escolar divulgado em 2018. Elas também são maioria nas universidades, de acordo com o relatório education at Glance (2019). 
Apesar da enorme reviravolta no setor educacional, afinal, faz apenas 59 anos que as mulheres foram legalmente autorizadas a ingressar no ensino superior, os dados mostram que as pessoas do sexo feminino ainda encontram maiores dificuldades para ingressar no mercado de trabalho e sofrem com a diferença salarial, onde os homens são mais valorizados que as mulheres.
Assimilando tudo isso, desde o início de toda a trajetória feminina, as mulheres possuem os direitos que conquistaram hoje devido à luta de outras mulheres que no passado reivindicaram tudo isso, a fim de modificar a realidade futura. E, assim, em pouco tempo, a força feminina conquistou um espaço que anteriormente era negado às mulheres. Isso tudo contribuiu para grandes avanços no contexto social, educacional e político feminino.
A mulher da atualidade possui uma ampliação da sua liberdade de escolha, visto que ela pode optar por exercer a grande multiplicidade de papéis que lhe é atribuída historicamente com atividades domésticas ou escolher priorizar a sua vida profissional. 
Assim, essa mulher moderna tem o poder de escolha, em que pode exercer os melhores papéis na sociedade e acumular vitórias, com a sua inserção no mercado de trabalho, ampliação de sua liberdade sexual e reprodutiva, conquista da independência financeira e dos direitos políticos. 
Apesar de muitos obstáculos antigos terem sido transpostos, ainda se tem muito pelo que lutar, visto que há quem tente calar a voz feminina, mesmo diante de tantos avanços. Com isso, as mulheres, ainda, continuam na luta, mesmo diante de grandes desafios atuais e avanços históricos, para que jamais calem a sua voz, a voz de todas.

A saúde da mulher nas últimas décadas no Brasil

Falando em saúde, a atenção à mulher na história das políticas de saúde no Brasil foi reduzida, até a década de 70, aos parâmetros da atenção materno-infantil, traduzindo uma visão restrita sobre a mulher na época, baseada somente em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica.
Apenas a partir dos anos 80, no auge do movimento feminista brasileiro, as políticas públicas começam a melhorar, com formulações de propostas de atenção integral à saúde da mulher. 
Em 1983, o Ministério da Saúde cria o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), sendo pioneiro por incluir ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, e não mais a utilização de ações isoladas em planejamento familiar.
Já no início do século XXI houve mais alguns progressos, junto a identificação da necessidade de articular com outras áreas técnicas e de propor novas ações para a atenção das mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias, lésbicas, e a participação nas discussões e atividades sobre saúde da mulher e meio ambiente, além de diretrizes para a humanização e a qualidade do atendimento.
Com o passar dos anos, o avanço das políticas relacionadas à saúde da mulher se desdobrou em outros programas específicos, tanto é que hoje são inúmeros. Apesar disso, o cenário atual ainda está longe do ideal, falta muito para uma efetiva implementação das propostas que visam garantir os direitos civis, políticos e sociais das mulheres, assim como a redução da morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis.
E aí, o que achou destas reflexões sobre o significado do dia da mulher e as lutas femininas? Deixe sua opinião ou dúvida nos comentários!
Referências:
  • Agência Brasil – Negras são 28% dos brasileiros, mas têm baixa participação política

  • BBM – Tratado sobre a emancipação da mulher – uma feminista no Brasil de 1868

  • Brasil Escola – 8 de março – Dia Internacional da Mulher

  • Blog Direito Familia – Uma análise da história da mulher na sociedade

  • Blog Elos – As mulheres brasileiras ainda são minorias nos espaços políticos nacionais

  • Blog MultiRio – A história da educação feminina

  • [url=https://evc.camara.leg.br/site/wp-content/themes/evc/pdfjs/web-evc/viewer.html?file=https://evc.camara.leg.br/site/wp-content/uploads/2021/06/Mulheres-e-homens-nao-compartilham-da-mesma-historia.pdf&filename=`Mulheres e homens n%C3%A3o compartilham da mesma hist%C3%B3ria`]Câmara Legislativa – Mulheres e homens não partilham da mesma história: estratégias para a mulher entrar no jogo político[/url]

  • [url=https://educacaointegral.org.br/reportagens/nisia-floresta/#:~:text=Em 12 de outubro de,considerada a primeira feminista brasileira]Centro de Referência EI – Nísia Floresta: a primeira educadora feminista do Brasil[/url]

  • CNN – Machismo é suprapartidário na política brasileira, diz Tabata Amaral

  • Colégio Plínio Leite – Como começou a trajetória da mulher na educação?

  • Contee – As 7 mulheres que ousaram lutar pelo direito ao voto no Brasil

  • Governo Federal – Conselho Nacional de Direitos Humanos repudia extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos

  • Governo Federal – Governo comemora aumento da representatividade feminina na política

  • Governo Federal – Mais mulheres na Política: campanha incentiva participação feminina nas Eleições 2020

  • Marilena Chauí, Feminismo em Comum, página 11-12.

  • [url=https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/voto-feminino-no-brasil.htm#:~:text=O movimento sufragista lutava pelo,candidatar%2Dse aos cargos existentes]Mundo educação – Voto feminino no Brasil[/url]

  • ONUBR – Direitos Humanos das Mulheres

  • Plurale – Feministas medievais? As mulheres que buscaram independência com a religião

  • Politize! – Violência contra a mulher na pandemia: conheça seus direitos

  • Portal Catarinas – Homens amam outros homens: o olhar para a mulher é apenas sexual

  • Portal Clickideia – Por que mulheres não podiam estudar?

  • Portal Geledés – Na época do Brasil colonial, lei permitia que marido assassinasse a própria mulher

  • Projeto redação nota 1000 – Machismo estrutural na sociedade

  • Repositório Fiocruz – Saúde da mulher e redemocratização: ideias e atores políticos na história do PAISM

  • [url=https://revistacult.uol.com.br/home/mary-wollstonecraft-220-anos-de-morte/#:~:text=Tido como um dos documentos,para o fim das desigualdades]Revista Cult – Mary Wollstonecraft, autora de um dos primeiros textos feministas[/url]

  • SciELO Brasil – História, conquistas e perspectivas no cuidado à mulher e à criança

  • SciELO Brasil – Políticas Públicas de saúde da mulher: a integralidade em questão

  • Senado notícias – Aprovado projeto que estabelece cota para mulheres em eleições proporcionais

  • TV5 MONDE – Qui était Clara Zetkin, la femme “qui inventa le 8 mars”?

  • Wikipédia – L’encycolpédie libre – Journées des 5 et 6 octobre 1789

  • Wikipédia – L’encycolpédie libre – Madame de Beaumer

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Ótimo artigo. Acho que por termos esse privilégio (embora eu não goste do papel masculino que me é imposto, gozo dos privilégios de ser homem).
Acho que é mais um motivo pra eu não conseguir nem me enxergar como mulher trans. Apesar de amarmos o feminino e termos um lado mulher bem aflorado, a maioria das cross (eu inclusa) não imagina a complexidade e as dores de ser mulher.

Travesti faz bem mais sentido, pois conserva a ideia de uma identidade ambígua.

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Hoje é o dia delas, viemos delas, amamos elas e o crossdresser nos retirou o nosso machismo herdado muitas vezes do nosso patriarcado para podermos sentir e experimentar um pouquinho do mundinho delas, é muito bom sentir somente um pouquinho a alegria e beleza de ser mulher. Que o mundo respeite mais nossas mulheres, mães, irmãs, todas elas mesmo, cis, trans, que os feminicídios acabem, que os salários se igualem, que elas ganhem cada vez mais amor e respeito do que violência. São meus sinceros votos nesse dia 8 de março.

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Espero que todos aqui, como homens, estejam fazendo a sua parte e combatendo o machismo estrutural. Afinal a gente só fica com a parte fácil do “estar mulher”.

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Eu também acho que consigo mais me enxergar como mulher trans, e isso porque fico bem pouco do tempo montada. 
Imagino, e sei bem, que a luta contra todo o machismo não é fácil.

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Bom texto e boa reflexão!

O machismo estrutural existe porque os próprios homens fizeram imposições às mulheres. Hoje, a luta por igualdade de gênero é complexa e ainda possui resquícios dessa imposição. Por exemplo, na área social e educacional temos mais mulheres que homens, em RH também. Assim como nos esportes a imposição de que devesse ter um mínimo de desempenho faz com que muitos não assistem e nem apoiam o esporte feminino. Particularmente prefiro vôlei feminino do que o masculino, mas na maioria dos esportes para os homens a graça está no desempenho masculino, lutas, futebol, basquete, etc. 
Homem também precisa entender que pode fazer o papel do cuidador, do cozinheiro dentro de casa, do trocador de frauda e que muitas vezes o machismo impera fazendo a mulher assumir cada vez mais aquele canto que os homens as encurralaram.
Podem discordar de mim, mas vejo que muitas vezes o homem foi vilão, foi o opressor. Por que a mulher não teria o direito ao voto? De quem foi essa ideia absurda e ridícula? Do próprio macho, como que se as mulheres não tivessem inteligencia, sabedoria e competência para tal.

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