Como as mulheres lidam com o crossdressing?

Sarah Rocker escreveu:

E ela me deixa livre para eu ser quem eu realmente sou mas eu fico com essa insegurança de um dia ela não querer mais. 
Grande beijo

Fico feliz que estejam num caminho bom. Quanto a tua insegurança, certa vez ouvi algo que me ajudou para compreender melhor as pessoas: Não tens controle e nem podes ter sobre as ações das outras pessoas, inclusive tua companheira. Ela pode um dia decidir ir embora por esse motivo ou por qualquer outro. Qualquer que seja o motivo, a decisão final sempre será dela. O mais importante é te compreender, buscar tua felicidade e se a dela for junto contigo, ambos serem felizes e satisfeitos com a vida a dois, até o momento que ela deixar de ser, ai a verdade ajudará a saber se algo pode ser feito para continuar essa união ou não.

A tua parcela nesta convivência é ser verdadeiro contigo e com ela, para que ambos tenham tudo o que precisam para suas próprias decisões.

Parece bobo, mas é muito difícil de fazer isso. Muitas vezes, apoiados do conforto de estarmos com outra pessoa, nos machucamos, e acabamos aceitando que é parte da vida em conjunto. É diferente de sacrifício, que ocorre quando tu muda uma decisão tua para o bem de outra pessoa, porque para ti isso trará felicidade, até nisso erramos, pois acreditamos que sacrifício é fazer doer na gente em prol de outros, e em muitos casos a dor cresce até não ser mais possível suportar.

Eu estou numa fase que precisei ser verdadeira com as pessoas que me são próximas, porque esconder minha transexualidade da esposa me consumia muito, e demorei ainda assim muito tempo porque tinha que remover a barreira da afirmação da esposa que isso levaria à separação, como de fato ocorreu. Infelizmente para mim estou colhendo o amargo peso do luto pela raiva da esposa negando todo nosso passado, até os bons momentos, e me dificultando acesso aos filhos. Ainda tenho que descobrir até onde minhas amizades continuarão existindo, pois todas essas na cidade onde moro eram primeiramente amigos da ex e costumam escolher um lado, e até o momento não é o meu, que não pede pra escolher lado algum.

Não é fácil ser verdadeiro, mas sempre que consigo sair da cama num dia ruim (as vees demoro pra sair da cama), quando consigo chegar no espelho do banheiro, me olho, vejo a mulher que está surgindo, e isso me dá uma alegria para iniciar o dia. Talvez precise colocar um espelho no teto no quarto, pra acelerar o processo.

Beijos,
Sueli!

Sueli escreveu:

A tua parcela nesta convivência é ser verdadeiro contigo e com ela, para que ambos tenham tudo o que precisam para suas próprias decisões.

Parece bobo, mas é muito difícil de fazer isso. Muitas vezes, apoiados do conforto de estarmos com outra pessoa, nos machucamos, e acabamos aceitando que é parte da vida em conjunto. É diferente de sacrifício, que ocorre quando tu muda uma decisão tua para o bem de outra pessoa, porque para ti isso trará felicidade, até nisso erramos, pois acreditamos que sacrifício é fazer doer na gente em prol de outros, e em muitos casos a dor cresce até não ser mais possível suportar.

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] Sábias palavras!! Muitos de nós reagimos a cumplicidade com o "abrir mão" do que gostamos, quando na verdade é ao contrário disso!
Saber se expressar sobre o que queremos e como queremos, não esperando aprovações,mas sim, que seja de dualidade!

Agora sobre sua vida familiar, fico na torcida para que as coisas se arrumem com sabedoria e harmonia! 
Sei o quão difícil é o momento do divórcio,ainda mais quando se tem  o vínculo da vida!
Abraço e bjos! E se precisar desabafar, estou aqui pra te ouvir!

Eu acho este tema muito delicado, pois acredito ser importante, e também um desejo nosso, ao menos, contar (quiçá compartilhar estes momentos) com nossas companheiras. Quem não busca amor, compreensão, apoio e cumplicidade?

No entanto, este tipo de relacionamento caminha em uma linha tênue, e neste sentido concordo com a [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]. De uma hora para uma outra, a pessoa que está ao seu lado e sabe de tudo (as vezes desde o início), que diz gostar te apoiar e curtir os momentos, pode simplesmente mudar de ideia e se afastar esfriando a relação com nosso lado feminino, e, eventualmente, até gerar consequências e exposições.

Então acho essencial maturidade entre o casal e estabelecer limites, sempre deixando claro que não podemos deixar de ser quem somos, mas claro, com equilíbrio (não podemos deixar o lado masculino que as companheiras gostam também) e muito cuidado.

Na questão toda, acho importante entender o lado delas. Para a esmagadora maioria é realmente estranho ver o marido “se vestir de mulher”. Por isso a importância do diálogo, principalmente se a reação delas for muito extrema.

E mais, ter o respeito em primeiro lugar e, mesmo pisando em ovos, levar o assunto com calma para que ela possa entender aos poucos e, quem sabe, embarcar junto.

Se ela realmente não curtir, respeite e tente encontrar um meio termo para você ter seu tempo com o crossdressing. Agora, ela não deixando por nada, aí vai de você querer seguir adiante ou com o relacionamento ou com o crossdressing. Pelo que vemos aqui, acho muito improvável deixar o crossdressing de lado.

Escolha bem suas lutas e esteja pronta emocionalmente para o que for.