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descriptionAnuncioComo a homossexualidade é vista no Japão?

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Como é vista a homossexualidade no Japão?


Até por volta do final do século XIX, a sociedade japonesa era extremamente tolerante em relação à homossexualidade. Existem várias evidências históricas no Japão em relação à esse tema, inclusive na literatura antiga como podemos ver em O Conto de Genji, escrito no início do século 11. Mas vamos conhecer alguns fatos históricos que mostram como a homossexualidade era vista antigamente.
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Wakashudo

Durante o período feudal, por exemplo, o relacionamento entre homens da classe samurai (normalmente entre mestre e aprendiz) era visto como normal e até era incentivado pelos líderes dos clãs e o nome desta prática entre eles era conhecido como Shudō (abreviação de wakashūdo).

Nesta prática, era permitido que um guerreiro mais experiente (Nenjo) tivesse um aprendiz (Wakashū), onde ensinaria a ele o Bushido (código de honra), as técnicas e os treinamentos de artes marciais.

Em troca, caso o Nenjo assim quisesse, o Wakashū lhe prestaria favores sexuais. Muitas vezes, essa parceria entre o Nenjo e Wakashū eram formalizadas através de um “contrato de fraternidade” que duraria até o Wakashū completar todo o treinamento e atingir a experiência de um guerreiro.

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]"Tabu" (1999), o último filme de Oshima, explora a homossexualidade · "
“Tabu” (1999), o último filme de Oshima, explora a homossexualidade


Atividade sexual com mulheres era permitido a ambos durante esse meio tempo e uma vez que o Wakashū atingisse a maturidade, ambos ficavam livres para buscar outros amantes. Nem sempre o aprendiz estava de acordo com essas práticas, mas uma vez que selava a fraternidade com seu mestre, ficava sujeito à uma série de obrigações, dentre elas, satisfaze-lo sexualmente.

Nesta época acreditava-se que a mulher roubava a energia e desviava o foco do guerreiro. Por isso, eram aconselhados a não levar suas esposas em batalhas e também a não se envolverem sexualmente com prostitutas. Desta forma, os aprendizes funcionavam como uma válvula de escape.

Quem não tinha um aprendiz à disposição, recorria aos vários prostíbulos onde mulheres e jovens rapazes, geralmente atores que faziam parte do Wakashuu-Kabuki ofereciam tais serviços.

Teatro Kabuki

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Ator de Kabuki Bando Tamasaburo V, famoso por seus papéis Onnagata
Ator de Kabuki Bando Tamasaburo V, famoso por seus papéis Onnagata

Outro exemplo é o Teatro Kabuki, um entretenimento tradicional do Japão com origem no século XVII. Neste espetáculo que envolvia encenações dramáticas, assim como performances de dança e música, era comum ver atores do sexo masculino representando papeis femininos.

Por volta do Período Edo, este tipo de entretenimento passou por uma degradação, passando a ser relacionado com o estilo de vida Ukiyo, ou seja, muitos atores entre homens e mulheres passaram a prestar serviços sexuais em diversas zonas de prostituição conhecidas em Edo (Tóquio).



Por causa da incidência de atrizes envolvidas com a prostituição, as mulheres foram proibidas de participar do Kabuki. Nessa época, o Yaro Kabuki passou a ser difundido, grupo teatral formado apenas por homens que praticavam o crossdresser, conhecidos como Onnagata (travestis).

Era comum que jovens (adolescentes) fossem escolhidos para fazer papéis femininos devido à sua aparência menos masculina e voz não tão grave em comparação aos homens adultos. Porém, isso não impediu os atores de se desvencilharem da prostituição. Além disso, o público tornou-se cada vez mais desordeiro, fazendo com que houvesse alguns tumultos durante as apresentações.

Com isso, o governo xogunato proibiu primeiro as representações dos Onnagata (homens adultos) e posteriormente dos wakashū (adolescentes). Depois de um tempo, o Kabuki foi voltando aos poucos, mas acabou perdendo espaço para o Bunraku (teatro com bonecos japoneses).

Depois de altos e baixos, o kabuki voltou a ser considerado uma das artes mais populares entre os estilos tradicionais de drama japonês. Hoje em dia, algumas trupes já aceitam mulheres para representar papéis de onnagata, embora alguns grupos mais tradicionais ainda prefiram atores masculinos. Existem também trupes com apenas mulheres no elenco (onna-kabuki).

Era Meiji e atualidade

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Parada Orgulho Gay em Tóquio

Na era Meiji (1868-1912), com a modernização do Japão e a influência ocidental em larga escala, a homossexualidade passou a ser vista com um pouco de preconceito pela sociedade japonesa em geral. Nos dias atuais ainda é assim, embora a aceitação seja maior em comparação a outros países.

Embora não existam estatísticas precisas, algumas pesquisas dizem que cerca de 5% dos japoneses fazem parte da comunidade LGBT. No entanto, o Japão tem lidado lentamente com essa realidade, apesar que este ano tenha acontecido algumas mudanças significativas em favor dessa minoria.

O mais significativo de todos ocorreu em 1 de abril de 2015, quando o distrito de Shibuya, em Tóquio passou a reconhecer legalmente a união entre pessoas do mesmo sexo. Foi um grande avanço para casais homossexuais em um país onde ser abertamente gay ainda é considerado um tabu.

Por outro lado, o Japão é considerado um país muito tolerante nessas questões quando comparado a outras partes do mundo, mas ainda não há proteção legal específica para os gays, o que tem feito a comunidade LGBT no Japão se unir para fazer com que seus direitos sejam reconhecidos.

Como é vista a homossexualidade no Japão
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Ayaka Ichinose e Akane Sugimori, o primeiro casal homossexual a legalizar a união no Japão em abril deste ano


O primeiro casal homossexual a legalizar sua união no Japão foram as atrizes Ayaka Ichinose e Akane Sugimori, que se vestiram de noiva e realizaram uma cerimônia de casamento simbólica com a presença de 80 convidados, entre parentes e amigos, para celebrar a união.

Como a Constituição japonesa identifica o casamento como uma união baseada no consentimento mútuo das partes de “ambos os sexos”, o casamento delas não tem validade legal. Entretanto as atrizes disseram que tal ato pode encorajar outros casais homossexuais a fazer o mesmo.

Pode até ser que as uniões civis legais no país ainda sejam um sonho distante para muitos casais gays, mas esta iniciativa de Shibuya foi realmente um grande avanço na luta LGBT e pode fazer com que outras regiões do Japão repitam o feito. Com este certificado reconhecendo casais do mesmo sexo, os casais poderão alugar um apartamento ou visitar o parceiro no hospital por exemplo.

Discriminação x Aceitação

Assim como ocorre em muitos países, a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) também sofre com o preconceito no Japão, porém diferente do Ocidente, cuja discriminação geralmente está relacionada com a religião.

No Japão, a discriminação muitas vezes está relacionada a um conceito que pode ser resumido neste velho ditado nipônico: “Deru kugi wa utareru”.

Significado: “O prego que se destaca é martelado para baixo”. Ou seja, todo aquele que se destaca por ser diferente dos parâmetros impostos pela sociedade, pode estar sujeito à críticas, exclusão social ou discriminação. Algo que acontece não só no Japão como também em outras partes do mundo.

Ao mesmo tempo, podemos observar que no Japão também existe a cultura da aceitação e da tolerância com o que é diferente daquilo que supostamente é imposto pela sociedade.

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Wakashudo = abuso sexual pra mim. Não achei legal, fiquei decepcionada com os Samurai ao saber disso.

Isso não tem nada a ver com homossexualidade, onde a pessoa se sente atraída pelo sexo oposto. Os rapazes adolescentes eram forçados a fazer sexo com outro homem mais velho (e muitas vezes sem gostar) em troca de uma oportunidade na vida. Feio, feio.  Evil or Very Mad

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Isso é feio pra nós, mas pra eles era normal e necessário...
Faz parte da cultura deles, como faz parte da cultura nos mulçumanos cultuar uma pedra, como faz parte da cultura dos europeus serem menos emotivos... e assim vai...
Cada povo tem uma cultura diferente... Ao mesmo tempo eles não jogam nada no chão e cada um cuida do seu lixo... ao contrário de nós...
E assim vai...

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Rose, isso ocorria dentre os gregos antigos também e um pouco entre os romanos. É feio sim para nossos padrões de hoje, mas foi culturalmente aceitável durante muito tempo.
Lembremos que até pouco tempo atrás, aqui mesmo a mulher era legalmente inferior ao homem em muitas coisas (por exemplo, não podia se recusar a fazer sexo com o marido se casada, era considerada uma obrigação) e muitos até hoje acham que elas têm que "servir" ao marido. O próprio casamento "por amor", romântico, é algo que tem pouco mais de 200 anos.
Nós mesmas sofremos hoje com a necessidade de nos "esconder" por algo que talvez no futuro seja visto com tranquilidade e sem discriminações.
Questões culturais são assim.

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Do mesmo jeito que não é por que uma cultura recrimina algo, que isso significa que aquele algo seja errado, não é por que a cultura aceita algo, que isso significa que aquilo seja certo. 

Continuo decepcionada com os Samurai.  Evil or Very Mad

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Rose Bleue escreveu:
Do mesmo jeito que não é por que uma cultura recrimina algo, que isso significa que aquele algo seja errado, não é por que a cultura aceita algo, que isso significa que aquilo seja certo. 

Continuo decepcionada com os Samurai.  Evil or Very Mad

E onde está escrito que é certo ou errado?
Onde está escrito ou falando ou explicando que seja certo ou errado?
O problema é que você nasceu aqui no Brasil e provavelmente tem uma criação católica.
Se nascesse no Japão, iria achar normal e ainda achar errado ou loucura ir na igreja todo Domingo...
Ou mesmo guardar o sábado.
Ou acreditar em espíritos ou entidades...
Isso se chama cultura, e temos que respeitar, pois não existe CERTO nem ERRADO.

Pra nós, o cara de se explode é louco, e pra outros é um iluminado, é uma pessoa que honrou a família.

Cada cultura com seus costumes...

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Voto com a Stéfany,

O que é errado aqui é muito correto em outro país. O que achamos hiper normal aqui é visto com incredulidade em outros lugares, justamente porque lá a cultura é outra.

Certo e errado são conceitos relativos, variam com o local, criação, exemplos e mais um monte de outras variáveis.

Não podemos e nem devemos julgar culturas diferentes da nossa! Wink

Beijos

Patricia
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